“Ah, isso é ridículo...” - Resmungou Salini Alan.
A segunda edição da Gazeta do Reinado, depois de tomada, Salini não se importava como, por yudeanos, não era melhor que a primeira. Salini pausou um instante e pensou.
Talvez seja uma ideia...
Foi até o templo de Irina.
- - -
“Ora, ora. Salini Alan. Não imaginava você vindo aqui tão rápido...” – Disse Irina, agradável.
Salini passou a ela um exemplar da Gazeta.
Irina suspirou.
“Não preciso ler para saber o conteúdo. Mas por que veio aqui?”
“Quero saber se você, que é tão bem informada, sabe onde está Galtan Silversong, o antigo editor...” – Disse Salini – “Pois vou fundar um novo jornal. Ele será diário e de circulação por todo o Reinado...”
Irina sorriu de leve.
“Ora, ora... E o que é que o grande comerciante Salini Alan, o grande mago ambicioso que só se importa consigo mesmo, ganha com essa empreitada, pergunto eu...”
“Ora, não é óbvio? A Gazeta se tornou um lixo. Posso preencher esse mercado e divulgar coisas em meu favor!”
“Mesmo? E publicará coisas em favor dos Aventureiros de Arton?” – Perguntou Irina, ainda sorrindo, divertida.
“Ora, por que não? Eles são notícia e ajudaram Triumphus, aqui são bem-vistos!” – Respondeu Salini.
Irina sorriu.
“E só por isso, Salini Alan?”
Salini Alan finalmente cruzou os braços.
“Ora, eu não preciso lhe explicar meus motivos. Você sabe ou não? Pago por essa informação.”
“Fique com seu ouro, pois Galtan Silversong está em Yuden. Preso. Torturado. Talvez, morto.” – Disse Irina, suspirando.
“Droga...” – Salini parecia triste.
“Parece um pouco desolado demais para uma questão de negócios. Gostava muito do estilo de escrita de Galtan Silversong?”
“O quê? Ora... Claro que não." - Salini se recompôs, disfarçando a preocupação - "Mas precisarei achar outro editor..."
“O filho dele seguiu os passos do pai.”
“E é bom?”
“Por que não pergunta a ele?” – Perguntou Irina – “Jorus! Kaylan! Chegou a visita que eu previa...”
“O quê...”
Irina sorriu de leve.
“Ah, Salini Alan... Você vai explicar o que fez e fará pelos Aventureiros como quiser. Mas... Bom, talvez você tenha gostado deles, não é? E, talvez, a fala de Set sobre sua grande e magnífica cidade tenha te dado aquela coceira que os comerciantes têm... Eu calculava que isso fosse ocorrer. E sabia que Jorus Silversong precisaria de proteção contra Yuden... Ao mesmo tempo, eu sabia que você faria algo assim. Pois um comerciante como você sabe o valor de uma reputação. E um mago que conhece aventureiros como você sabe que eles nem teriam tempo de enfrentar as mentiras de Yuden..."
“Minha senhora, eu só estou realizando um investimento!” – Disse Salini Alan, como que ofendido pela ideia de que ele não fosse apenas um comerciante a trabalho.
“Claro, claro...” – Disse Irina, sorrindo de leve - “Eu tomei a liberdade de separar um espaço para os escritórios no templo. Claro, haverá mais estrutura e outras coisas que você precisará providenciar, até fora da cidade, para o Diário de Arton ser enviado por teleporte para as principais cidades e capitais... Ah! Eis o nosso jornalista e nosso cronista de humor.”
Salini Alan não notara que Irina havia acabado de batizar o jornal.
Jorus Silversong era um ruivo com um olhar que misturava curiosidade e revolta.
“Eu pesquisei sobre os Aventureiros de Arton..." - Ele disse – “E eu sei o que Yuden é e o que representa...”
Kaylan Tartwig tinha cabelos castanhos e um sorriso um pouco grande demais para o rosto, desses que mandariam homens sãos correndo para as colinas.
“E eu consigo ser muito, mas muito irritante quando quero!”
“Olhe só. Temos nossos cronistas.” – Disse Irina, sorrindo de leve – “Agora... Posso convencê-lo, Salini Alan, até por estar cedendo espaço, a ter minha pena nesse jornal? Eu já tomei a liberdade de pesquisar algumas outras funções...”
Salini Alan olhou Irina.
Decidiu que ela seria uma excelente ajuda para esse empreendimento. Apertou as mãos de sua nova diretora de jornalismo e de seus novos cronistas.
“Sabe, Salini... Set estava errado. Ele me disse uma vez que tem mais gente disposta a mover céus e terras para prejudicá-lo do que gente disposta a mover uma palha para ajudá-lo.” – Disse Irina, sorrindo – “Vamos... surpreendê-lo?”
Salini sorriu.
“Providenciarei para que a primeira edição caia em suas mãos.”
“É mesmo? Isso não te custará dinheiro?" - Perguntou Irina, sorrindo.
“Ora!” – Respondeu Salini, novamente como que ofendido pela ideia de que ele se importava – “Consigo esse valor em segundos!”
Irina riu.
“Ah, Salini Alan. Jura que não se importa, mas sorri com a ideia de surpreendê-los. Nunca mude, sim?”
Beijou o rosto do mago, que corou como um pimentão, e foi passar recomendações a sua rede de informações de Triumphus – e recomendar a eles planos para expandi-la.
O repórter foi fazer suas pesquisas.
Salini Alan foi providenciar o encantamento de algumas prensas para providenciar o que seria uma tiragem colossal. Yuden, afinal, havia insultado sua inteligência, Deheon havia ferido seu orgulho e essa ideia tinha lucros potenciais imensos e Salini, afinal de contas, não era de fazer as coisas pela metade. Faria uma tiragem imensa por conta disso, pois era um comerciante, um mago poderoso, e se tornaria um magnata das comunicações, e tiraria esse pasquim que a Gazeta se tornara de cena.
E, enfim, uma miríade de razões para racionalizar o fato de que se importava.
No fundo, no fundo, jamais admitiria isso para si, mas se sentia extremamente vivo.
E ainda com o rosto quente depois do beijo de Irina. Mas isso, por enquanto, atribuíra ao calor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário