quarta-feira, 30 de abril de 2014

GAZETA DO REINADO ESPECIAL I: AVENTUREIROS DE ARTON, HERÓIS OU VILÕES?

por Galtan Silversong

Em palácios de alto luxo ou em tavernas obscuras, o assunto é um só: Aventureiros de Arton. Um grupo de heróis (?) formado há pouco tempo, mas que já se envolveu nos assuntos mais importantes do reinado, atraindo a atenção de poderosos. Mitikov, príncipe regente de Yuden, acusa o grupo de executar seu pai em Dheon, no último dia do reencontro. Artemis e Ace, alguns dos líderes do grupo, encontram-se presos em Valkaria desde então. Mitikov, contudo, ameaça invandir Dheon caso o imperador Thormy não os entregue imediatamente.

Todos estes fatos são de conhecimento público. Entretanto, quem são verdadeiramente os Aventureiros de Arton? Quem são seus membros, sua história, quem são as pessoas que estão virando o reino do avesso? Este enviado especial tem vasculhado o lixo de muita gente para descobrir, e não tem medo de trazer ao público histórias surpreendentes sobre esse grupo. Aventureiros de Arton, Heróis ou Vilões?, é uma edição especial da Gazeta do Reinado. 

O ENCONTRO

Segundo esse enviado apurou junto a uma jovem chamada Janaína (1), comerciante em Malpetrim, Petrynia, a gênese dos Aventureiros de Arton ocorreu com o encontro de quatro pessoas na cidade portuária: Set, mago com poderes ainda limitados; Ace, um elfo ranger inexperiente, apesar de viajado; Rui Escandinavo, cantor e poeta conhecido na cidade; e Artemis, notável por suas habilidades furtivas.

“Não que fosse um grupo que se destacava dos outros”, relatou Janaína a este repórter. “Rui já era conhecido na cidade, famoso pela voz de Trobo em fúria. Mas Ace é realmente um bom cliente, e Set muito simpático. É claro que regateavam um pouco o preço, mas, como diz minha mãe, é preciso agradar o freguês. Eles me trouxeram uma bonita jóia de suas viagens, e fiquei grata. Quanto a Artemis, é claro que sempre estive de olho. Mas nunca furtou nada em minha loja. Não acredito que tenha matado o rei de Yuden!”

Sobre os interesses do grupo, Janaína lembra que eles estavam muito interessados na Ilha da Caveira, lugar há muito amaldiçoado pelos navegantes. “Queriam mapas e coisas sobre a Ilha”, contou Janaína, “mas não revelaram o que queriam naquele lugar funesto. Minha mãe nem gostava de falar sobre aquele lugar!”.

O signatário, entretanto, descobriu: o grupo estava atrás do disco dos três, artefato lendário que foi usado por herois para banir o maligno Deus Sartan de nosso mundo. Um fonte, que deseja manter o anonimato, asseverou que viu quando o grupo foi contatada por um idoso, que lhe deu a missão sagrada de juntar novamente o disco e impedir a volta do Deus do mal. Ace, Set, Rui e Artemis não se conheciam anteriormente; foram escolhidos pelos deuses para esta missão (2).

Já outra fonte, cujo nome também não posso revelar, afirmou que na verdade o grupo foi reunido por Set, um maligno necromante e Clérigo de Sartan. Seu objetivo era reunir o disco e permitir o retorno de seu mestre do mal (3).

Seja qual for a verdade, o certo é que o grupo sabia a localização das partes dos discos dos três e estavam atrás dela. Para isso, deviam primeiro viajar à Ilha da Caveira, mas tal empreitada não seria nada fácil.

A ILHA DA CAVEIRA

Como Ace e os demais logo vieram a descobrir, é muito difícil conseguir transporte para a Ilha da Caveira. Além da proximidade da ilha de Galrasia, que por si só já afasta os possíveis navios de transporte, uma maldição ronda a ilha, e não foram poucos os navios naufragados na região. Muitos marinheiros confirmaram a este escritor que foram procurados pelo grupo, mas que negaram realizar a viagem.

Parecia impossível descobrir como os aventureiros chegaram até a ilha. Mas, após muita insistência, o nome de um capitão surgiu: Kersley Woodleg, dono do navio conhecido como “Abate ao Monstro Marinho”. Consegui encontrar Kersley em uma taverna pouco recomendável para os de narizes sensíveis, na ponta oeste do porto da cidade. Um grande chapéu preto, rugas e uma barba rala, além de uma perna de pau, compunham o homem sentado no balcão. Não pude sequer ouvir sua voz, porque assim que relatei meus propósitos ele desencaixou a perna de pau e a usou para bater forte em minha cabeça, impedindo-me de realizar qualquer pergunta.

Felizmente, esse enviado especial não se deixa abater pelas dificuldades. Os outros marujos da tripulação do Capitão Kersley foram mais acessíveis e relataram, com o devido incentivo em ouro, que Kerley fez um trato com os aventureiros: eles o levariam até a ilha, mas em troca eles o ajudariam a matar uma hidra marinha, que havia arrancado sua perna anos atrás. Somente assim o grupo – agora acrescido de outros aventureiros, como um anão clérigo, conseguiram transporte até a ilha.

Entretanto, também fui procurado por um yudeniano que afirmou morar há muitos anos em Malpetrim. Segundo esta fonte, Set conjurou com seus poderes nefastos um enorme dragão negro para levá-los até a ilha. O Yudeniano apresentou quatro testemunhas que afirmaram, com a palma da mão para frente, ter visto Set rido loucamente enquanto fazia o dragão ameaçar a cidade.

Pouco se sabe o que ocorreu na ilha propriamente dita. O certo é que o grupo enfrentou diversos perigos, entre eles lagartos gigantescos, além de terem derrotado um guardião deixado pelos deuses para guardar uma das três partes do disco. Após voltarem ao navio Abate, trazendo a peça que procuravam, além de um outro aventureiro encontrado na ilha, um paladino de nome Ruffus, o grupo e a tripulação enfrentou a terrível Hidra. A batalha foi feroz, mas o monstro foi derrotado. Realizou-se, então, o retorno a Malpetrim.

A viagem de volta, contudo, foi longe de ser tranquila. Ocorreu um incidente que, para alguns, evidencia certa natureza do grupo e ajuda a explicar os acontecimentos mais recentes.

Em uma manhã ensolarada, subiram à embarcação um grupo de elfos do mar. As criaturas não atacaram, desejavam apenas se certificar que os viajantes não lhe queriam mal. Ace, no entanto, atacou e matou um dos elfos, em um arrobo de fúria. “Eles não queriam nos atacar”, afirmou um dos marujos. “Mas Ace tinha sangue nos olhos quando golpeou o elfo do mar”.

Outros dois marujos, no entanto, afirmaram que tudo não passou de um acidente. Ace teria atacado em legítima defesa, pois acreditava que os elfos matariam a tripulação. Difícil saber em qual versão acreditar, principalmente porque todos os marujos entrevistados me procuraram no dia seguinte  para retificar suas declarações. Acompanhados do senhor de Yuden, passaram afirmar que viram Set e os demais voando no dragão negro anteriormente conjurado, criatura que soltava baforadas de ácido sobre centenas de elfos do mar desarmados, em meios aos risos do mago.

Procurados, os elfos do mar não quiseram prestar informações. Ao contrário, prenderam este enviado durante dias, exigindo que o mesmo revela-se o paradeiro de Ace. Principalmente um senhor, já de barba branca, pai do elfo morto pelo Aventureiro de Arton. Dessa forma, não resta dúvidas da ocorrência de algum acidente real com os elfos do mar.

Apesar de todos os problemas, o grupo desembarcou em Malpetrim com uma das peças do disco dos três. Tinha como missão buscar as duas restantes, uma nas Cavernas Sombrias, nas Montanhas Uivantes, e outra na Tumba Sagrada, no norte de Petrynia. Acompanhem a saga na próxima Gazeta do Reinado Especial e descubram mais segredos dos Aventureiros de Arton! 

(1) Janaína, cuja idade não posso revelar, chama atenção pelos longos cabelos negros e olhar penetrante. Entretanto, mais que seus atributos físicos, sua eloquência sem tamanho encantou este enviado. A jovem concordou que suas informações fossem utilizadas nesta reportagem, pedindo apenas que fosse publicado o seguinte texto: “A Casa dos Aventureiros, localizada na praça central de Malpetrim, tem todo o equipamento necessário para sua aventura. Venha conhecer, os preços são baratos até para um Kobold! O estabelecimento fica aberto o ano todo, e não só na época da grande feira ou quando da passagem de Vectora. Prestigiem o comércio local!”

(2) Tal fonte também relatou que Rui Escandinavo realizou um brincadeira com o grupo conhecido como bola explosiva, e que Artemis primeiro roubou algo de algum dos aventureiros. Se essa fonte está correta, já evidencia o caráter do homem que mais tarde viria a ser acusado de matar o rei de Yuden.

(3) Apesar da rigidez militar, e do leve sotaque yudeniano, a fonte parecia ter muitas informações sobre o grupo de aventureiros. Relatou horas sobre as atividades malignas de Set e os homicídios já realizados por Artemis, chamado por ele de “maior mal de Arton”. Alegou ainda, com segurança, que Ace era famoso bandido em Lenórienn, e que havia sequestrado e matado mais de 100 crianças. Já Rui foi descrito como um manipulador frio, acostumado a destilar veneno com seus versos, buscando levar a traição e a ruína a todos que o ouvem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário