domingo, 26 de fevereiro de 2017

Sabá dos Lordes



Por Andre Esteves

A Paisagem é rubra.

Toneladas de material esponjoso avermelhado mistura-se com a névoa, a ponto de não se saber oque é o céu e o que é terra. E, mais que a cor e a infinitude, o que chama atenção é que tudo treme, geme, espelhe gosmas.

Aquilo é vivo.

E as pernas. E os braços. Mãos, cabeças, pés e outros pedaços do corpo, espetados como vegetação. Olhos e línguas que cobrem o chão, formando mosaicos. E órgãos genitais.

A visão, entretanto, não é o sentido mais afetado. O material obsceno parece entranhar em sua pele e esporar seu coração. E você sabe, além de tudo você sabe, que há coisa pior ali.

É uma espécie de altar circular. No centro, um bebé, talvez a única coisa não vermelha a quilômetros. Não é um bebê humano, apesar da pele clara e fofa, já que possui não dois, mas um único olho que toma grande parte do rosto. Ele é segurado há alguns metros do chão por mulheres nuas parcialmente sem pele, que formam uma macabra pirâmide humana. Em alguns pontos se vê os ossos, em alguns a pele está separada da carne e formam capas e roupas grotescas.

Eu, trago a astúcia”

Um demônio de 3 metros de altura se aproxima. Musculoso, chifres de carneiro, olhos fumegantes. Sua pele estremece. Você desmaiaria, se pudesse.

O neném estremece. A sua boca se abre, e dali vem uma golfada de sangue e um som, um nome. “Artemis”


Eu, trago a fúria”.

Uma massa de tentáculos disformes surge de outro lado. É enorme e impactante. Mas uma vez o neném se contorce, e desta vez pelos avermelhados começam a nascer em seu corpo. Lágrimas escorrem de seu olho. E mais um nome é dito: “Conde Set”.

Eu, trago a unidade”

Uma figura grandiosa surge do norte. Tem a forma humanoide com o tamanho de um colosso, mas logo se percebe que é feita não por um indivíduo, mas por centenas, talvez milhares de outras criaturas, demônios com tenazes. O neném diz “Durin Duranbar”.

Eu, trago a proteção”

Uma cidade com torres monstruosas surge do solo em outra parte do altar circular. O neném já não parece um neném, mas uma criatura amorfa avermelhada. Ela diz: “Briak”.

Eu, trago a destruição”.

Um lagarto, do tamanho de uma montanha, se aproxima. Sua língua bifurcada estala no ar, ela tem quilômetros. “Nox”, diz a figura no altar, antes de se desfazer em cima das mulheres, queimando-as e dissolvendo suas carnes.

Uma sombra enorme surge sobre o altar. A próxima criatura que se aproxima tem o formato de uma gigantesca torre de assalto. Você sente seu coração parar de bater.

Você tem os nomes. Vá”.

Uma nuvem de poeira avermelhada se levanta sobre o altar, onde estava o bebê e as mulheres…. Ela surge do chão, e você pode sentir na língua o gosto de sua maldade. Ela voa para longe.


Você sabe que atrás de você.

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