Por Andre Esteves
A Paisagem é rubra.
Toneladas
de material esponjoso avermelhado mistura-se com a névoa, a ponto de
não se saber oque é o céu e o que é terra. E, mais que a cor e a
infinitude, o que chama atenção é que tudo treme, geme, espelhe
gosmas.
Aquilo
é vivo.
E
as pernas. E os braços. Mãos, cabeças, pés e outros pedaços do
corpo, espetados como vegetação. Olhos e línguas que cobrem o
chão, formando mosaicos. E órgãos genitais.
A
visão, entretanto, não é o sentido mais afetado. O material
obsceno parece entranhar em sua pele e esporar seu coração. E você
sabe, além de tudo você sabe, que há coisa pior ali.
É
uma espécie de altar circular. No centro, um bebé, talvez a única
coisa não vermelha a quilômetros. Não é um bebê humano, apesar
da pele clara e fofa, já que possui não dois, mas um único olho
que toma grande parte do rosto. Ele é segurado há alguns metros do
chão por mulheres nuas parcialmente sem pele, que formam uma macabra
pirâmide humana. Em alguns pontos se vê os ossos, em alguns a pele
está separada da carne e formam capas e roupas grotescas.
“Eu,
trago a astúcia”
Um
demônio de 3 metros de altura se aproxima. Musculoso, chifres de
carneiro, olhos fumegantes. Sua pele estremece. Você desmaiaria, se
pudesse.
O
neném estremece. A sua boca se abre, e dali vem uma golfada de
sangue e um som, um nome. “Artemis”
“Eu,
trago a fúria”.
Uma
massa de tentáculos disformes surge de outro lado. É enorme e
impactante. Mas uma vez o neném se contorce, e desta vez pelos
avermelhados começam a nascer em seu corpo. Lágrimas escorrem de
seu olho. E mais um nome é dito: “Conde Set”.
“Eu,
trago a unidade”
Uma
figura grandiosa surge do norte. Tem a forma humanoide com o tamanho
de um colosso, mas logo se percebe que é feita não por um
indivíduo, mas por centenas, talvez milhares de outras criaturas,
demônios com tenazes. O neném diz “Durin Duranbar”.
“Eu,
trago a proteção”
Uma
cidade com torres monstruosas surge do solo em outra parte do altar
circular. O neném já não parece um neném, mas uma criatura amorfa
avermelhada. Ela diz: “Briak”.
“Eu,
trago a destruição”.
Um
lagarto, do tamanho de uma montanha, se aproxima. Sua língua
bifurcada estala no ar, ela tem quilômetros. “Nox”, diz a figura
no altar, antes de se desfazer em cima das mulheres, queimando-as e
dissolvendo suas carnes.
Uma
sombra enorme surge sobre o altar. A próxima criatura que se
aproxima tem o formato de uma gigantesca torre de assalto. Você
sente seu coração parar de bater.
“Você
tem os nomes. Vá”.
Uma
nuvem de poeira avermelhada se levanta sobre o altar, onde estava o
bebê e as mulheres…. Ela surge do chão, e você pode sentir na
língua o gosto de sua maldade. Ela voa para longe.
Você
sabe que atrás de você.
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